Um mal necessário ou um elemento estratégico? Como você considera sua TI?
Olá pessoal, tudo certo?
Bom, se você tem acompanhado os posts e webcasts frequentes do Otávio, do Gebara, do Hulot e os colocados por este escriba aqui, tem percebido a quantidade de tecnologias que temos disponíveis hoje. Nosso breve momento de decisão se tornou uma verdadeira maratona, um desafio em torno da seleção de frameworks, produtos e plataformas quando pensamos na construção de nossas arquiteturas.
E parece mesmo que a cada dia, somos atingidos por uma avalanche de notícias sobre novos frameworks, versões CTP, previews disponibilizados, velhos Alphas e novos Betas, novos projetos no CodePlex, novas visões para famílias de produtos conhecidos, novas famílias de produtos, novas abordagens de negócio, etc., etc. Então, temos a impressão de que estamos sempre correndo atrás do mercado.
De fato, não é um sentimento exclusivo seu, caro leitor... :) Onde vamos parar?
Por isso, fiz uma avaliação histórica dos últimos posts e assuntos que tratamos por aqui, enquanto olhava também os blogs de outros amigos e arquitetos. Veja o que já encontrei, que deve ser seu universo de opções no momento de definição de uma nova arquitetura:
WF - Windows Workflow Foundation (.NET 3.x)
WCF - Windows Communication Foundation (.NET 3.x)
WPF - Windows Presentation Foundation (.NET 3.x)
Windows CardSpace (.NET 3.x)
ADO.NET Entity Framework (Beta 3)
ADO.NET Data Services v1.0 - Astoria Project (CTP1)
Microsoft Sync Framework v1.0 (CTP2)
ASP.NET MVC Framework (Preview 2)
Microsoft ASP.NET AJAX 1.0
Virtualização, Windows Hiper-V
Windows High Performance Computing (HPC)
LINQ to SQL, LINQ to XML, LINQ to Entities, LINQ to Objects
Microsoft Silverlight v2.0 (Beta 1)
SaaS, Web 2.0, SOA, ESB, ISB, RIA
IIS 7.0 e Windows Process Activation Service (WAS)
Windows Server 2008
Visual Studio 2008 Team System
WCF LOB (Line Of Business) Adapter SDK
SQL Server 2008 (tá chegando)
SQL Server Service Broker
User Experience (UX)
BizTalk Services v1.0 (labs)
SQL Server Integration Services (SSIS)
IT Manager, DSI e Data Protection Manager 2007
Perfomance Management
Software Factories (SF)
Composite Applications e Mashups
Pervasive Computing
Application Lifecicle Management (ALM) e VSTS
Cloud Computing
Domain-Specific Languages (DSL)
Guidance Automation Toolkit/Extensions (GAT/GAX)
Office Business Application (OBA)
OBA Composition Reference Toolkit v2.0
Web Oriented Architecture (WOA)
RESTfull Architecture, JSON, ATOM, RSS, Sindicalization
e finalmente SOFTWARE + SERVICES (S+S)...
Você viu que ainda temos assunto? :)
E para a lista acima, você pode adicionar todas as tecnologias até o .NET 2.0 que você conhece como Web Services, .NET Remoting, MSMQ, Named Pipes, TCP, WinDNA, Threading, DCOM, COM+, Enterprise Services, COMTI, STA, MTA , etc. etc. e etc. Ou seja, é muita coisa!!!
Mas gostaria de propor uma discussão sob outra perspectiva: quais seriam os motivadores de TI? O que direciona e motiva a constante evolução de nossa área e que justificaria o estudo de todas essas tecnologias, além de uma preocupação com o futuro? Para quê tudo isso? Software + Services é irreversível? (provocações...)
Em seu último post ("Dois Extremos"), mestre Gebara apresenta essa conversa sobre TI como um mal necessário ou TI como um elemento estratégico.
Para quem se lembra, em 2003 tivemos um artigo de grande impacto no mercado, o já conhecido:
IT Doesn’t Matter - Harvard Business Review
https://harvardbusinessonline.hbsp.harvard.edu/hbsp/hbr/articles/article.jsp?ml_action=get-article&articleID=R0305B&ml_page=1&ml_subscriber=true
Recomendo a leitura, assim como as discussões que foram geradas a partir dele.
De fato, podemos apontar 4 principais motivadores ou direcionadores do uso de TI:
- Mercado, que envolve oferecer respostas aos desejos do mercado, como competição global, operação em tempo real, orientação ao cliente, responsabilidade social, regulamentação governamental, agile business, etc;
- Organização, que envolve os componentes básicos da organização, como estruturas, culturas, políticas, estratégias, pessoas, papéis executados, processos gerenciais, etc.
- Indivíduo, que de forma abrangente envolve as várias relação do indivíduo com TI e suas realizações, em farmácias, supermercados, na escola, na contabilidade, no imposto de renda, no sistema financeiro, no lazer, no internet banking, nos sistemas da empresa, etc.
- Tecnologia, que sofre ainda pressões de evolução de seus vários componentes, como hardware, software, bases de dados, redes, processos, pessoas. [ALB2005]
A partir dessa visão, tecnologia aparece apenas como um dos elementos ativos na evolução da TI. Ou seja, outros componentes podem ser mais importantes no momento de decisão entre uma direção e outra.
Ao mesmo tempo, quando olhamos as forças que direcionam o negócio de uma empresa, podemos recorrer ao modelo de Porter [PORT1986]. O modelo das Cinco Forças de Porter foi concebido por Michael Porter em 1979 e destina-se à análise da competição entre empresas de uma determinada indústria. As cinco forças apresentadas seriam:
- a Rivalidade entre os concorrentes
- o Poder de barganha dos clientes
- o Poder de barganha dos fornecedores
- a Ameaça de novos entrantes
- a Ameaça de produtos substitutos
Fonte: Wikipedia
Ou seja, precisamos posicionar a missão da empresa no contexto de sua indústria (ou vertical), para entender se TI será mais ou menos estratégica em relação a competição, ao atendimento ao cliente, a velocidade de resposta, etc.
Agora paramos para pensar: olhando as forças que determinam a competição entre as empresas e os motivadores que direcionam TI, conseguimos justificar nossa constante atenção para as novas ondas de tecnologias que teremos pela frente? Vamos adicionar mais um ingrediente.
Um assunto muito interessante nessa discussão é a chamada Diretriz Estratégica de uma empresa. Podemos classificar até seis diretrizes estratégicas fundamentais, para o enfoque organizacional dado para o ambiente de TI.
A lista abaixo, proposta inicialmente por McFarlan, McKenney e Pyburn (1983) , mostra as seis diretrizes estratégicas, veja:
- Planejamento Central
- Tecnologia de Ponta ou Inovação
- Livre Mercado
- Monopólio
- Recursos Escassos
- Mal Necessário
Cada diretriz determina como a empresa entende a importância de TI para o negócio ou missão da compania. A visão ainda propôe uma matriz de impacto, de acordo com o valor estratégico atual e futuro de cada tecnologia, veja:
Assim, a idéia seria posicionar cada uma das 6 diretrizes estratégicas num dos 4 quadrantes da matriz de McFarlan, McKenney e Pyburn acima.
Portanto, está claro que de acordo com a diretriz estratégica definida pela empresa e de acordo com a indústria na qual participa, TI recebe maior ou menor atenção, navegando entre um mal necessário ou um elemento realmente estratégico, determinante para a sobrevivência da empresa.
Depois dessa visão mais acadêmica sobre estratégias, diretrizes e impactos, volto a pergunta: O que você espera de sua TI?
Como usuários de tecnologia (ou colaboradores), concluímos que muitas das decisões acima são restritas ao board ou conselho executivo de nossas empresas, sendo realmente uma discussão para poucos.
Mas como arquitetos, precisamos cultivar uma clara visão sobre o futuro do mercado de TI, assim como o impacto de novas ondas de tecnologias que estão sempre a caminho, reconhecendo o melhor momento para cada adoção. Como influenciadores ou conselheiros, devemos advocar sobre o correto mapeamento de cada tecnologia para o negócio suportado, ajudando no entendimento de longo prazo sobre os riscos, custos, benefícios e esforços envolvidos. Como técnicos especializados, precisamos conhecer as interações entre componentes, as boas práticas, os patterns, os cenários e combinações possíveis, respondendo quais serão os pontos fortes e fracos obtidos em cada tecnologia. E como apaixonados por tecnologia, vamos curtir muito o que vem por ai... :)
De fato, devemos estar antenados sobre o que é relevante e o que não é, no universo de mudanças e forças em TI que exercem impacto direto sobre o negócio da empresa, enquanto ajudamos na preparação para essas mudanças.
Nesse ponto reconheço o verdadeiro valor de um arquiteto.
Por enquanto é só! Let's go back to coding e Até o próximo post :)
Waldemir.
[ALB2005] Albertin, A.L.,Moura, R.M. - Tecnologia de Informação e Desempenho Empresarial - Editora Atlas - São Paulo - 2005.
[PORT1986] Porter, Michael E. - Estratégia Competitiva - Campus Editora - 1986.