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Tecnologia: Diversidade X Angústia

Existem pesquisadores que correlacionam a variedade de escolhas com a infelicidade. Veja por exemplo a excelente apresentação do Barry Schwartz no TED.

A tese seria (simplóriamente) algo como: se tenho que decidir, não percebo mais o escolhido como único, o que deprecia o valor da minha escolha.

Na Universidade percebi também este efeito em algumas pessoas. Vindo do esquema escolar, onde todas as matérias do ano são pré-determinadas, foi uma grande alegria para mim me deparar com a possibilidade de escolha entre matérias, sejam elas obrigatórias, eletivas ou extracurriculares. Me aproveitei muito deste poder de escolha fazendo cursos de letras, arte e filosofia, além dos da engenharia e informática.

Um dia, porém, encontrei um amigo infeliz no dia da inscrição nos cursos. Ele reclamava do trabalho e angústia de ter de fazer ele mesmo as escolhas e lembrava saudoso da tutela da antiga escola. “Just do it”, era seu lema.

Percebo hoje, em alguns, um saudosismo similar na área da TI. Saudades de um mundo de escolha simples: COBOL no mainframe, C ou VB no PC, poucas bibliotecas, frameworks e tecnologias para optar.

Hoje isto já não é verdade. Para o desenvolvimento no cliente, só na Microsoft, por exemplo, temos que escolher entre Windows Forms, WPF, Silverlight, ASP.NET c/ Ajax, ASP.Net simples, HTML, uso ou não de CSS, etc. Para acesso a dados a Microsoft hoje tem Odbc, OleDB, ADO, ADO.NET, ADO Data Services, Entity Framework, LinqTo SQL, etc.

Entendo que a dificuldade aqui serve para vários segmentos:

  • gerentes de desenvolvimento ficam em dúvida sobre o que treinar seus desenvolvedores. Que tecnologias serão ao longo do tempo mais produtivas e com menor TCO? Esta é a sua pergunta principal;
  • desenvolvedores entendem que uma especialização é relevante, mas não conseguem distinguir qual tecnologia irá dar, ao longo do tempo, mais produtividade e empregabilidade – dois assuntos recorrentes com eles;
  • arquitetos são co-responsáveis na decisão da escolha das tecnologias na empresa e têm de levar em conta muitos parâmetros que contêm um alto grau de incerteza. Os mais relevantes parecem ser: o tempo de vida útil da tecnologia em questão, custo presente e futuro da mão de obra e a aderência da tecnologia não só ao contexto atual mas também aos contextos futuros;

A escolha de tecnologias, portanto, gera uma angústia extra devido às incertezas. Além das múltiplas escolhas (o problema do qual nos avisava Barry Schwartz), temos que encarar também o risco futuro destas escolhas. Uma dupla angústia, portanto.

Se há um culpado aqui, ela é a natureza atual da evolução tecnológica. Mudam nossos contextos sociais e de demandas – com elas mudam nossas tecnologias.

Algo a fazer? Se tiver que dar um conselho, eu diria: aposte nos fundamentos, acompanhe-os e conheça-os bem. As tecnologias são meras implementações destes fundamentos. Elas mudam e passam rápido. Os fundamentos não. Daí a vantagem. Em decorrência, você estará melhor habilitado para compreender e escolher as novas tecnologias que virão, de uma forma racional, levando em conta os riscos inerentes. É o melhor que podemos fazer, não é?

Abraços

Comments

  • Anonymous
    February 21, 2010
    Essa angústia é real e vem da diversidade e da imprevisibilidade.  E começa com a pergunta mais simples: a solução melhor de hoje vai conseguir se impor no mercado?  Mesmo que se pense em soluções específicas para problemas específicos, a massa de alternativas é muito grande. Depois exitem as competições internas.  O arquiteto de hoje tem de estar muito bem fundamentado para tomar decisões.  Qualquer pesquisa que mostre, por exemplo, avanço ou recuo de determinada plataforma, provoca reações sobre o arquiteto. Ser arquiteto tornou-se uma missão complexa demais.

  • Anonymous
    February 21, 2010
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  • Anonymous
    February 23, 2010
    Caro Waldemir, sou dos que já estão "a todo vapor no mercado" e já seguem os seus conselhos para se manterem atualizados. Mas o problema que o Otávio levantou, embora já conte com bastante textos teóricos escritos, é realmente uma questão nova para os arquitetos e, ao meu ver, os fundamentos dele não estão na formação em TI.  Estão em fatores como: liderança, gestão de pessoas, gestão da inovação, evangelização interna, psicologia organizacional, teoria da complexidade ... Nós arquitetos não podemos mais dizer que temos a solução para algum problema.  No máximo, que encontramos uma solução possível.

  • Anonymous
    February 23, 2010
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  • Anonymous
    February 23, 2010
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  • Anonymous
    March 02, 2010
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  • Anonymous
    March 05, 2011
    Uma referência interessante e que tem relação com o que foi dito sobre está alinhado com os fundamentos, uma Matriz de Competências: www.indiangeek.net/.../Programmer%20competency%20matrix.htm Vale a pena conferir...