Arquitetura e sobrevivência – Winchester House
Por vezes a arquitetura de software é comparada com a arquitetura de casas, por outras com o urbanismo. Ambas são metáforas importantes para justificar o planejamento de um software ou infra-estrutura de TI antes da aventura de implementá-la.
Algumas vezes utilizei o contraste de uma favela perto do escritório da Microsoft em São Paulo em comparação às ricas construções da Av. Berrini.
(foto da Favela emprestada deste artigo)
Favelas costumam nascer sem planejamento e, aos poucos, surgem problemas comuns como a falta de vias públicas que viabilizem o transporte de cargas, a falta de infra-estrutura comum para água, esgoto ou luz e surge também o risco de incêndios, a dificuldade para realizar segurança, etc. O controle urbanístico nasce assim de uma necessidade de reuso de uma infra-estrutura comum e da certeza de que uma cidade cresce e deve se precaver antes, de modo a evitar o custo freqüente de re-engenharia para suportar os futuros carros, prédios, etc. Existe melhor metáfora para a necessidade de uma arquitetura de software ou emresarial?
Outro exemplo clássico, pouco conhecido no Brasil, é o da Winchester House . Imagine uma casa construída durante anos, mas sem o mínimo planejamento, isto é, sem a figura do arquiteto. O resultado? Uma casa com 160 quartos, 47 escadas de incêndio, 17 lareiras, 10000 janelas, muitas escadas (aonde muitas não vão a lugar nenhum, ou melhor, param no teto da casa), várias portas e armários falsos, outras portas que simplesmente dão para fora da casa, três elevadores, etc..
É fato que existem dúvidas se não havia um certo plano em prática ali. Sarah, a viúva do criador do rifle Winchester, perdeu seu marido e filha, e lhe foi dito que havia uma maldição devido aos vários mortos em decorrência do invento de seu marido. Para amenizar a maldição, ela deveria construir uma casa para ela e os espíritos dos mortos. Ela viveria enquanto a casa estivesse em construção.
Hoje a casa é um exemplo clássico da falta de arquitetura e suas consequências. Ela é também um ponto turístico.
Um comentário que ouvi outro dia: ela não seria também uma metáfora do instinto de sobrevivência de alguns departamentos de TI?