A Nuvem Privada vai acabar! (será?)
Quando participo de debates e conferências sobre cloud computing percebo que a Private Cloud, ou nuvem privada, tem levantado interesse entre as pessoas.
Li em dois links recentes (aqui e aqui) que o futuro não será o Private Cloud, pois a nuvem privada seria apenas uma solução temporária - que perderá sentido com a maturidade e o baixo preço que as nuvens públicas irão logo alcançar. É, por falar, uma tecnologia natimorta.
O maior argumento é a economia de escala. Por mais que uma empresa sozinha possa investir e conseguir bons preços construindo sua infraestrutura de nuvem, ela dificilmente conseguirá um preço melhor do que um provedor público, que consegue melhores preços e investimentos por ter muitos clientes. Algo semelhante à chegada do WallMart, Carrefour e outros grandes supermercados no mercado de supermercados.
Eles argumentam que mesmo que a nuvem pública não consiga tratar hoje de todos os itens de sua lista de exigências, tudo é apenas uma questão de tempo. Com os custos de processamento, rede, armazenamento baixando de ano para ano, com o respectivo aumento no número de clientes, e com o aumento de investimentos para lidar com uma massa cada vez maior de clientes, o sonho de uma computação remota segura e barata estará na mão dos provedores públicos.
Será?
Eu teria receios de fazer uma previsão deste tipo. As mesmas forças de comoditização de hoje poderão fazer um contra-efeito no futuro. Será que os datacenters, eles mesmos, virarão comodities um dia? Falei há muito do personal datacenter. Com o anúncio da Intel de um processador de 48 núcleos, você ainda duvidaria da possibilidade de existência deste personal datacenter?
Vi os antigos bureaus rodarem nas décadas de 70 e 80 as folhas de pagamentos das empresas. Vi também eles (quase?) desaparecerem nas décadas seguintes devido ao advento de servidores baratos e rápidos. A comoditização chegou para eles. Ela poderá chegar para os datacenters? Quem sabe?
Trabalho com tecnologia há anos. Olhando para trás tudo faz sentido. O problema é que, quando estávamos lá trás, a realidade de hoje era só uma das muitas possibilidades.
Como disse o Niels Bohr: “Previsão é muito difícil, especialmente sobre o futuro.”
Abraços