A exaustão de endereços IPv4 na Internet e a solução IPv6
Em 1981 Ronald Regan assumia a presidência dos Estados Unidos, o Papa João Paulo II sofria o atentado que quase o matou, a maioria dos PCs usava MS-DOS e também foi quando a RFC 792 (Request For Comment), que define o protocolo IPv4 e é o utilizado pela Internet até hoje, foi lançada. Nesta época era praticamente impossível prever o fenômeno que a Internet se tornaria. Em resumo, especialistas prevêem o fim dos endereços válidos Internet entre 2011 e 2012. (Endereço IPv4 é o que define logicamente o seu computador na rede. Um exemplo é: 192.168.0.10).
Para melhor explicar, vamos aos fatos e números. O IPv4 é baseado em 32 bit, logo são possível 232 endereços IP únicos na Internet, ou seja: 4.294.967.296 endereços IPv4. Destes aproximadamente 180 milhões são reservados para outros fins, restando 4.114.867.267 para o uso público na Internet. De acordo com a Internet World Stats, até o dia 31/09/2009, a Internet conta com 1.596.270.108 de usuários. Tendo esses números em mãos, podemos deduzir que esse papo de exaustão de endereços IP não passa de marketing da mídia ou existe alguma pegadinha.
A exaustão é uma realidade principalmente por dois motivos. O primeiro é que a estrutura de endereços do IPv4 não é linear. Existem 255 blocos de rede (como se fossem 255 pedaços de uma Pizza), sendo que existem 3 tipo de pedaços, Super Extra Exagerado, Normal e o nano-miniatura. É possível dividir os pedaços maiores em menores para atender a mais pessoas, mas isso aumenta a complexidade e o gerenciamento da rede e ainda existem limitações técnicas. Em decorrência a essas limitações do protocolo foi que o NAT (Network Address Translation) foi inventado. Com ele é possível utilizar um endereço IP não válido na Internet e converte-los na saída para um endereço IP válido. O NAT postergou colapso de endereçamento do IPv4, mas não evitou que ocorresse.
A segunda pegadinha é que a relação de endereços IP para cada pessoa não é 1-1, mas n-1. Em outras palavras, um usuário comum utiliza em média 3 IPs. Em uma conta rápida temos acesso Internet em casa, no celular e no trabalho. Imagine o numero de dispositivos que se conectam, pode ser muito mais que um, como notebooks, console de jogos, GPS, servidores e etc. Agora, acrescente a entrada de países super-populosos na rede (China, India, Brasil), e a panacéia tecnologia em que vivemos que você vai chegar a mesma conclusão que vários especialistas. A Internet precisa de um novo protocolo de endereçamento.
A solução apresentada é o IPv6. O histórico pode ser acessado no post IPv6 um pequeno histórico. A principal diferença entre o IPv4 e IPv6 é justamente na parte de endereçamento. O IPv6 é baseado em 128 bits e matematicamente é possível ter 2128 endereços, aproximadamente 3.4×1038. Colocado em outra perspectiva, seria possível definir 250 endereços para cada estrela do céu.
A arquitetura do IPv6, pré-determinou uma faixa de endereços específicas para ser utilizada somente para Internet que permite 245, ou 35.184.372.088.832 endereços de redes possíveis. Cada um destes é possível subdividir em até 65.535 subredes sem degradação do numero anterior. Lembrando que cada rede/sub-rede permite endereçar 264 hosts. Impressionante não?
Na prática, quando seu provedor te entregar um endereço IPv6, você vai fazer parte da rede dele, com um endereço válido na Internet, sem necessitar usar subterfúgios tecnológicos que se faz necessário com o IPv4, que converte um IP não válido para um válido, degradando performance e que acaba com o principio proposto da Internet de conectividade total fim a fim.